10.12.02

 
faz tempo que não atualizo o bird on a wire. mas esses links do Lou Reed estavam há tempos para ser colocados. O site brasileiro tem todas as letras e ainda tablaturas, um achado pra qualquer um que queira assassinar uma das obras deste velho mestre que faz 61 aninhos em 2 de março de 2003.
posted by Senhor K. 10:23

25.11.02

 
IT´S TIME WE BEGAN TO LAUGH AND CRY AND LAUGH OVER IT ALL AGAIN
Leonard Cohen - So Long Marianne

Ah, a ficção e a realidade e o absurdo. Depois as pessoas me perguntam por quê eu continuo fazendo minhas referências ao Camus depois de tantos anos e no meio da porcaria da pos-modernidade. Primeiro que detesto que fala em pos-moderno como se fosse uma bandeira, o termo, o uso do pos-, a meleca toda da sociedade contemporânea é a prova que Camus tinha razão. Camus, por sua vez, mesmo quando errava, é a prova de que Nietzsche tinha razão. Já o Nietzsche é, na minha opinião, o cara que sacou a real em Parmênides. Então, sem forçar muito, temos a base da porra toda lá na Grécia pré-aristotélica.
Como todo mundo sabe que eu gosto de metáforas, deixa eu usar uma pra tentar explicar como eu entendo a do tio greguinho que dizia que "tudo é um". ... mas antes, outra micro digressão.
A micro digressão
"Tudo é um", "Eu sei que nada sei", essas frases de impacto, que vivem na memória de qualquer criatura do ocidente são uma praga e uma trava ao entendimento do que estas pessoinhas brilhantes de dois mil anos e pico atrás. O que Parmênides queria dizer de mais importante é "há uma coisa que é a base de tudo e esta coisa é A Verdade". Se seus seguidores eram na maioria loucos, a culpa não é do cara assim como a culpa das cruzadas não é de Jesus.
Fim da micro digressão
Minha metáfora para Parmênides
Um belo dia você vai numa festa e uma amiga lhe conta que está grávida. Tudo bem, você oferece seu apoio, sua compaixão, na mesma noite alguém te dá uma cabeçada na pista de dança e você corta seu lábio inferior mas o corte é pequeno e logo cicatriza. Você volta para casa e dorme um sono intranquilo (como sempre). Acorda com a ressaca das várias cervejas, sorri um sorriso amarelo, faz seus afazeres, tenta não pensar tanto no drama de sua amiga, tenta fingir que não lhe afeta (afinal o filho não é seu, ela não é sua namorada, você fez a sua parte). Mas não é a primeira vez que uma situação dessas se apresenta e você compreende como ela pode estar se sentindo ... você tem o cliché de emoções e discursos numa gaveta menos velha do que deveria da sua mente, vai lá, pega, tira o pouco pó que uns cinco anos deixam, dá uma polida e coloca ele na sua máquina de discursos. É uma placa pesada, essa do cliché da gravidez acidental que termina em aborto. Você resolve desabafar, quem sabe aquela amiga nova, menos envolvida em seus mini-dramas, então você comenta com ela que o fato te deixa meio nervoso e meio uneasy, ela responde, Moi aussi. Você não entende e pede para ela dizer "também" em relação a quê. Ela responde que está grávida e que isto também a deixa uneasy. Em segundos, você volta para aquela prateleira de clichés desagradáveis para buscar aquele que contém os sentimentos relativos a "gravidez indesejada mas terá o bebê mesmo assim". Isto acontece, por mais que as regras de escrita ficcional digam que seria um exagero colocar tudo num mesmo fim-de-semana, ainda mais naquele em que alguém disse que estava indeciso entre Bjork e Clara Nunes como música de formatura.
O que nos leva de novo ao Parmênides. A verdade é esta coisa além da capacidade de discurso humano, é uma esfera brilhante onde habita a deusa. Por que a Deusa? Porque só uma divindade teria capacidade de compreender todos os nós de aparente contradição e falta de verossimilhança que compõem a Verdade. A nossa verdade, dos humanos falhos e mortais, é a verdade dos discursos e das aparências pois o acesso direto à esfera com certeza faria nossas mentezinhas limitadas explodirem com tanta informação. Parmênides é, assim, uma espécie de cético pragmático ahead of his time, que admite a existência de uma verdade absoluta, como todos os filósofos sérios, mas admite suas limitações em conseguir alcançá-la. Se pudéssemos, talvez víssemos todas as maravilhosas interconecções de caus e efeito que fazem do universo o universo ... mas daí, a vida teria bem menos graça.


posted by Senhor K. 06:41

18.11.02

 
JUST A REMINDER

toda a verdade é ficção. ao menos toda a verdade a que temos acesso. daí a primeira de todas as artes ser a de contar histórias. daí todos os movimentos relevantes terem sua expressão literária.

só defendendo o meu campinho um pouco e falando coisas que fiquei pensando depois de ler o bloquinho de notas do tietzman. quer, vai lá, rtietz.blogspot.com
posted by Senhor K. 01:24

11.11.02

 
MUTATIS MUTANDIS

Todo o artista, ou toda a pessoa que trabalha com criação, mesmo que não artística, enfrenta problemas no caminho até o resultado final. Algumas vezes a gente até brinca, disfarçando um fato bastante real, dizendo: Incorpora na estética. A verdade é que, não raro, problemas, quando bem trabalhados, podem virar elementos simbólicos importantes no produto final. Eu andava, nos últimos dias, desesperado porque o som das entrevistas de um vídeo que estou montando havia ficado ruim, baixo e, conseqüentemente, tomado por um ruído que mais parece a turbina de um jato pelo lado de dentro. Como resolver isto num negócio sobre educação infantil para o qual já havia escolhido como música tema uma versão em violçao da Sonata ao Luar do Beethoven. A resposta estava num verso do Blur, I had my head checked by a Jumbo jet.

O ruído quase insuportável (depois da aplicação de cinco camadas de filtros, antes, insuportável mesmo) acabou se revelando uma trilha melhor pra dicotomia entre a educação dos meninos de classe média alta que estudam no Champagnat e do pessoal da vila onde tem traficantes duas quadras abaixo da porta da escola. Só é uma pena que o som das entrevistas, algumas com coisas bem bacanas, não tenha sido possível salvar. Pelo menos, e isto é o mais importante agora, a história que se quer contar, se conta.

A única coisa que me incomoda um pouco é que do jeito que tá, ficou mais cabeça do que eu queria. Isso é uma merda, porque avacalha a abrangência de público da peça.


posted by Senhor K. 05:04

7.11.02

 
em defesa da sutileza

ando de saco cheio de uma literatura e um cinema que tentem me vencer através de acusações de que eu fui criado como um burguês. eu não busco arte para redimir meus pecados capitalistas que nem tenho. estou cansado de cuspirem na minha cara porque eu tive educação e ter educação não é o jeito dos "verdadeiros brasileiros". os verdadeiros brasileiros precisam pagar pra uma velhota escrever cartas pra eles, vender cocaína para comprar cola, fazer o namorado comer fezes, achar que são ovos em conserva, estuprar, ser presos e morrer no pau de arara. chega. nem todas as histórias que merece ser contada tratam da vida e da morte de uma forma tão levianamente gráfica. o espetáculo que fizemos de nossas artes narrativas faz, por força de compulsão estética, esquecer os motivos que nos levam a escrever histórias pra começar.fomos dominados pela teoria da primeira impressão e, cada vez, vemos pessoas transtornadas em criar a primeir impressão mais aterradora justamente para que ela fique. bobagem. devemos ter um pouco de paciência com a verdadeira arte, deixar o sexo pro terceiro encontro, não como um one night stant fuck it all and cum in the face. vamos com calma, temos tempo. não precisamos de tantos brinquedos, que mais nos afastam nesta relação sexual entre leitor e autor, do que aproximam. é hora de uma literatura tântrica, em posição de flor de lotus, olhando um no olho do outro lentamente enquanto os corpos se acostumam com a presença mútua, até que a obra seja verdadeiramente de ambos e ninguém possa dizer que está comendo quem.
posted by Senhor K. 11:16

28.10.02

 
Maybe there's a God above,
As for me, all I've ever seemed to learn from love
Is how to shoot at someone who outdrew you.


posted by Senhor K. 13:36

22.10.02

 
a música do Carlos Dohrn fechou de forma delinquente com as imagens e os depoimentos que recolhemos para o documentário Todo O Sonho É Triste. sim, porque todo o sonho é triste quando encontra a realidade. toda a paixão esvanesce em rugas reais ou imaginárias. toda loucura tem os pés presos pela gravidade e as únicas histórias de amor que realmente valem à pena ser contadas são as que acabam tragicamente. e sabemos que nossas microepopéias são de todo insignificantes ao todo. mas uma verdade nos persegue mesmo que não a vejamos, a ficção é o único entendimento que temos do universo. e, novamente, Parmênides tem razão. quando ignoramos o senso comum de achar que tudo o que ele disse é que tudo é um e nos pomos a tentar entender o que poderia ser entendido como este um, esta esfera perfeita e brilhante de verdade. não é que a verdade não exista, ela apenas está fora de nosso alcance mortal e imperfeito. tudo a que temos acesso são as resplandescências da esfera, cujo calor sentimos queimar nossas peles apenas em momentos de profunda lucidez ou delírio. abracemos a arte pois é tudo o que temos.
posted by Senhor K. 01:41

20.10.02

 
Is it really true there are elephants and lions too in Piccadilly Circus?
posted by Senhor K. 23:52

 
quase ia esquecendo, achei uma versão Jazz pra Closer to the heart do Rush. muito divertido

posted by Senhor K. 23:36

 
eu realmente queria entender o método que algumas pessoas usam para nomear seu arquivos de música, principalmente os que ficam disponíveis via gnutella. por favor, eu imploro, dêem uma passada no allmusic.com e descubram os nomes das músicas. All I Need do Air está com trÇes nomes diferentes, isso pra não falar das formas absurdas como registram as músicas do Sigur Ros
posted by Senhor K. 23:34

 
estava pensando sobre como The Thrill is Gone é uma música de separação perfeita. não admira que tenha se tornado o clássico de blues que é. poucas vezes uma canção consegue colocar em palavras aquela sensação de dejà vú dos relacionamentos longos e doentios em que um fica a tentar dominar o outro até que um dia se percebe que se está a fazer tudo errado. quem não sabe de que música estou falando, precisa arranjar uma vida e um disco do BB King.
posted by Senhor K. 02:39

19.10.02

 
de agora em diaante, este blog fica só para rants sobre a arte e a literatura e a filosofia e a música e o rock n roll sem que eu siga narrando meu dia ou desabafando sobre o calor e a insônia. isto fica para o blógui do Peter
posted by Senhor K. 03:09

 
adicionei mais um link interessante que fala de rock e literatura.
posted by Senhor K. 02:25

 
Aninha, dá tua opinião
posted by Senhor K. 00:21

 
por exigência da roxy, estou mudando o template deste blog
posted by Senhor K. 00:16

18.10.02

 
bom, fora a filmagem absolutamente sem problemas do filme da Ana, Emília, a notícia da manhã que eu não havia comentado é que o Tiago Conte, um dos atores do filme do grupo da noite, havia tirado a barba na terça-feira para fazer Bailei na Curva. tudo bem, pensei, vamos botar algo sobre isto no roteiro e coisa e tal e azar. não é que eu chego à noite no set e o sujeito me mostra uma caixinha de chá, daquelas antigas de latão, com a barba cortada dele dentro. lá vai o senhor K. reconstruir a barba do sujeito à base de cola (que por um acaso do destino eu lembrei de levar), restos de barba e pedaços de cabelo cortados na hora. bom, eu não tenho a menor vocação pra cabelereiro, ele que vá arrumar a xurumela que fiz na cabeça dele amanhã em algum salão. ainda bem que, pelo menos, ele tava pensando em cortar igual.mesmo assim, a filmagem não atrasou e o filme deve sair como esperado. no final o resultado ficou bom, incrível como algumas coisas a gente realmente não esquece. só quero ver como saiu o close dele com a barba postiça, mas a Lu me assegurou que ficou bem. menos mal.
posted by Senhor K. 23:40

 
finalmente peguei os convites para o lançamento do livro. são duas e quinze e recém cheguei em casa. estou podre, suado e cansado. e o dia não está nem na metade ainda
posted by Senhor K. 14:18

 
vale a pena ler o link abaixo
posted by Senhor K. 03:03

 
os poderes satânicos de Brad Pitt
posted by Senhor K. 03:02

 
mais uma noite de insônia pelo visto
posted by Senhor K. 01:26

 
estou no momento ouvindo meu recém adquirido playlist de 41 músicas da trilha sonora de Cowboy Bebop. é oficial, eu nunca havia encontrado uma trilha de desenho tão boa quanto a deste anime. hoje eu vou dormir feliz, o que é bom, porque amanhã o dia começa cedo.
posted by Senhor K. 00:38

17.10.02

 
release da coletânea onde estão meus contos
Rive Gauche ou Juliette et Etienne
Longa espera para o jantar
Timid Timmy desperta


Quinze autores em brasa
Turma 29 da Oficina de Criação Literária ministrada por
Luiz Antônio de Assis Brasil lança coletânea de contos

Porto Alegre, 10/10/02 – No próximo dia 31/10/2002, quinta-feira, a partir das 18h30min, na Casa de Cultura Mário Quintana (CCMQ), quinze novos autores passarão por sua primeira prova de fogo: o lançamento da coletânea “Contos de Oficina 29”.

Horror, amor, solidão e tristeza permeiam as histórias destes jovens escritores que se lançaram à aventura da ficção pelas mãos do mestre Luiz Antônio de Assis Brasil, durante a realização da Oficina de Criação Literária da PUC/RS, atividade permanente com o caráter de extensão universitária que funciona desde 1985 com o objetivo de revelar novos talentos na produção do texto literário narrativo-ficcional. Por esta Oficina, já passaram nomes conhecidos como Cíntia Moscovich, Fernando Neubarth, Amílcar Bettega Barbosa, Daniel Galera, Daniel Pellizzari, entre outros.

No dia 31, será a vez de Adriana Oliveira, Alexandre Dutra, Ana Luz, Ana Paula Jung, André Mags, Artur José Pinto, Carlos E. Spohr, Cristina Piccoli, Heitor Schmidt, Helga Kern, Leandro Dóro, Liziane Guazina, Lu Adams, Melissa de Menezes e Peter S. Krause mostrarem seu talento ao grande público.

O “Contos de Oficina 29” é uma publicação da WS Editor, com apresentação de Nélson de Oliveira e organização de Luiz Antônio de Assis Brasil.
posted by Senhor K. 02:07

 
o glênio falou comigo sobre o ensaio que fiz há já quase um ano para a sessões do imaginário e que não foi publicado. segundo ele, o número de referências diluídas no texto é muito grande e ele vai me apontar onde fazer notas ou esclarecimentos. andei pensando, se eu esclarecer todas as referências e citações, o tamnho deve dobrar. mas não tem problema, eu faço isto, afinal, é o desdobramento daquele publicado na sessões 6 e eu os vejo como um trabalho só.
posted by Senhor K. 01:45

16.10.02

 
pois é, como visto, me entreguei a fazer testes idiotas o que, ao menos, prova que existe algo mais além de games, notícias de fontes duvidosas, pirataria e pornografia na web. tem outro que fiz mas não coloquei, de south park. que personagem de SP eu sou? só tenho uma coisa a dizer: respect my authoritY! hehe

anyway, não consegui pegar os xerox pra reunião do GT razão sintética graças à boa vontade dos meus colegas em faltar a aula que acabou resultando na antecipação da edição da minha matéria que, por sua vez, foi prejudicada na gravação pela incopetência de outros colegas em confirmar uma entrevista pro dia certo. tudo bem, não é como se eu precisasse disso pra provar pra mim mesmo que eu sei o que estou fazendo.

bocejo

bom, voltar ao trabalho

posted by Senhor K. 12:37

 


Que rótulo idiota te define como pessoa?

posted by Senhor K. 01:10

 




posted by Senhor K. 00:36

15.10.02

 
em tempos de eleição e com a perspectiva de um retorno nefasto do poder às mãos do pmdb eu vou buscar refúgio no velho poeta canadense fazendo minhas as palavras dele

I'm sentimental, if you know what I mean
I love the country but I can't stand the scene.
And I'm neither left or right
I'm just staying home tonight,
getting lost in that hopeless little screen.
But I'm stubborn as those garbage bags
that Time cannot decay,
I'm junk but I'm still holding up
this little wild bouquet:

faltam 16 dias para o Sahmlain quando comerei um porco em homenagem a cernunnos e colocarei três textos menores nas mãos impuras do público na esperança de elevar alguns espíritos ou ao menos divertir umas almas enegrecidas pelo diàdia abafado e nojento do verão portoalegrense
posted by Senhor K. 18:02

 
putz
posted by Senhor K. 17:23

 
yep
acho que vai ficar este aqui
posted by Senhor K. 17:18

 
e eu ainda não cheguei a um consenso comigo mesmo sobre que template usar pra isto aqui

posted by Senhor K. 17:11

 
meus planos de buscar os convites para o lançamento do livro da oficina foram frustrados pelo técnico do ibm lentium que veio buscar o calhambeque eletrônico com uma hora de atrazo

everybody knows the deal is rotten
posted by Senhor K. 17:08

 
BIRD ON A WIRE

Like a bird on the wire,
like a drunk in a midnight choir
I have tried in my way to be free.
Like a worm on a hook,
like a knight from some old fashioned book
I have saved all my ribbons for thee.
If I, if I have been unkind,
I hope that you can just let it go by.
If I, if I have been untrue
I hope you know it was never to you.

Like a baby, stillborn,
like a beast with his horn
I have torn everyone who reached out for me.
But I swear by this song
and by all that I have done wrong
I will make it all up to thee.
I saw a beggar leaning on his wooden crutch,
he said to me, "You must not ask for so much."
And a pretty woman leaning in her darkened door,
she cried to me, "Hey, why not ask for more?"

Oh like a bird on the wire,
like a drunk in a midnight choir
I have tried in my way to be free.


pro caso de alguém estar se perguntado de onde eu tirei o nome. esta é a letra de uma música do senhor leonard cohen que, por sinal, dá nome ao romance que estou terminando, O coro da meia noite.

não sei porque cargas d'água resolvi virar blogger e nem sei quanto tempo isto vai durar. mas vai ser um exercício interessante. NODIESINELINEA diziam os romanos que assim seja para o sempre e o sempre amém.
posted by Senhor K. 03:24